quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Saudade

Amanhã faz sete meses que uma grande amiga resolveu fazer as malas e partir para o outro lado. Acredito que ela tenha ido meio à revelia. Na verdade, tenho certeza. Ela estava tão cheia de planos. Íamos fazer uma revista juntas. Ela estava prestes a comprar seu apartamento tão sonhado durante tantos anos. Pouco tempo antes de morrer ela veio me visitar em Sampa e passar alguns dias comigo. Tinha prometido uma visita ao Mercadão, coisa que ela tinha vontade há muito tempo. Não encontramos lugar para estacionar, para variar. Então, resolvemos ir ao Bixiga, que ela tanto adorava. Lembro que falamos no carro: "não tem problema, amiga, a gente tem muito tempo pra vir". Ela concordou. Logo depois ela morreu. Me pego pensando: quantas coisas deixamos por fazer porque temos tempo. Será? Não sei. A vida é muito curta. Disso eu sei.
Tenho saudade amiga. Muita saudade. Faz falta a sua risada. Faz falta a sua companhia. Faz falta a sua rinite. Faz falta seus espirros pela manhã. Faz muita falta.
Tenho certeza que você deve ter reclamado um monte pro povo aí de cima por ter partido "tão cedo". Deve ter perturbado a paciência de todos. Tenho certeza também que você já deve ter organizado um jornal pro plano espiritual. Tenho certeza que quando estiver em condições, irá olhar por nós aqui. Pobres mortais que têm que se conformar com sua ausência. Sinto saudade. Mas lembro de você com carinho, com saudade. Sei que teve que ir. O Cara aí de cima só chama tão cedo quem tem bom coração. E você, com certeza, o tem.
Demorei tanto tempo pra escrever aqui sobre você. Não estava preparada ainda. Mas chegou a hora. E fico feliz por ela ter chegado. Falar de você, minha amiga-irmã, é sempre bom. Sempre lembramos de você em várias ocasiões. Sempre e pra sempre vamos fazer isso.
Se cuide aí minha querida. Amo você!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Bendito Maldito


Plínio Marcos. O Bendito Maldito do livro de Oswaldo Mendes. Uma biografia emocionante. Tão emocionante que chorei mesmo sabendo o final. Talvez o fato de Oswaldo ter conhecido de perto Plínio Marcos o tenha ajudado por demais a escrever o livro. É de uma sensibilidade ímpar. Ele nos mostra todas as facetas do dramaturgo santista, meu conterrâneo. Plínio era um gênio e sabia disso, modestamente.
Tive o prazer de ter dois livretos que ele vendia pelas faculdades, teatros, etc, autografados. E ouvi o famoso e curioso bordão: "prometo morrer logo pra valorizar o livro". Isso aconteceu em 1987. Plínio nos deixou órfãos em 1999. Eu gostaria de não ter meus livros valorizados. Percebo que tenho uma relíquia em mãos. Tive também um privilégio: conhecê-lo, mesmo que rapidamente. Isso poderei contar aos meus filhos.
Plínio recebeu algumas homenagens em vida e depois de sua morte. Fiquei surpresa, e ao mesmo tempo decepcionada, quando vi um busto em sua homenagem escondido embaixo de uma escadaria do teatro municipal de Santos, sua cidade. Acredito que ele deveria estar em um lugar de maior destaque. Pagu, que era fantástica, nomeia vários lugares em Santos. E nem santista era. Deram a um dos túneis da rodovia dos Imigrantes o nome de Plínio Marcos. Um túnel? Gente! O que isso tem a ver com teatro, cultura...Tudo bem, é uma homenagem, mas pelamordedeus, ele merece mais.
Bronca dada, só me resta dizer que o livro é maravilhoso. Devorei e agora estou mais uma vez órfã.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Melancolia

Melancolia. Substantivo feminino. Sentimento de vaga e doce tristeza que compraz e favorece o devaneio e a meditação; Estado afetivo caracterizado por profunda tristeza e desencanto geral.
Fonte: Dicionário Houaiss.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Razões sem razão

"O coração tem razões que a própria razão desconhece". Essa frase de Pascal é extremamente sábia. É impossível racionalizar uma emoção, um sentimento. Tentamos sempre encontrar razões para aquilo que é irracional. O amor é, digamos, primitivo. Não é possível encontrar razões lógicas para amar alguém. Tentamos buscar explicações para a "empatia", às vezes imediata, que sentimos por alguém em especial. Talvez tenhamos vivido esse mesmo sentimento em vidas passadas e o repetimos na atual. Talvez o fato de gostarmos das mesmas coisas ou sermos totalmente opostos. Há milhares e milhares de hipóteses que podem ser colocadas aqui para tentar justificar o amor por alguém. Mas isso, na minha modesta opinião, é pura perda de tempo. Nos preocupamos muito em encontrar motivos, razões e explicações e o tempo vai passando, inclemente. E o amor se esvai. Passa por nós e nós o deixamos passar. Como diz a música de Oswaldo Montenegro, Estrada Nova, "Será que é o trem que passou ou passou quem fica na estação?". Viver o hoje e o agora não é 'pecado'. Viver do passado ou pensar somente no futuro é deixar o presente de lado. Sofrer, sentir dor, amar, ser feliz. Vivamos então.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Razão X Coração

Eu acredito que o grande defeito do ser humano é pensar. Não. Na verdade é pensar demais. Pensar em tudo. Racionalizar tudo. Medir tudo: consequências, prós, contras, no que será que vai dar, se vai dar em alguma coisa. Quanta coisa se perde pelo caminho pelo simples fato de usarmos constantemente a razão. Cadê o coração? Por que não deixamos que ele nos diga alguma coisa alguma vez na vida? Por que o ser humano é tão complicado? Por que nos prendemos a conceitos, pré-conceitos, preconceitos, formalidades, convenções e opiniões alheias? Por que simplesmente não deixamos fluir, acontecer? Me pergunto tudo isso porque simplesmente estou fazendo isso no momento. Me pergunto por que não deixo as coisas simplesmente acontecerem, fluirem. Por que me prendo a princípios se na verdade quero fazer acontecer? Onde está a chave que destrava nossa mente e faz o coração agir? Se alguém souber onde encontrá-la, por favor, me avise!
Tenho dito.